segunda-feira, 26 de março de 2012

RETRATO

Numa hora da manhã ou do anoitecer
Me pergunto onde que vou dar nisso tudo
Não sei ao certo
No fim tudo que sei não passa de palpite
Dizem que desistem de mim como banalidade
E cá estou
Leio romantismo e realismo ao mesmo tempo
E ainda acho que vou ler tudo que quero até morrer
Não sei
A esperança é uma bosta mesmo, já ouvi por aí
Enquanto me construo uma palavra derruba um mundo
Simples
Vou ao Municipal e me pego lacrimando
Junto às cordas e às pombas do parque e aos metais
É precioso
Leio jornal como se alguém se importasse com isso
E acabo contando tudo às paredes mesmo
Só para saberem das leis e bicicletas
E do lixo e do nada
Eu anoto meus deveres e não faço nem metade
Esquematizo minha vida deitada na cama
Perdida
Como quem conta os carros da avenida
E as gotas que caem do chuveiro
É tão superficial e tão plástico
Chega a enjoar
Tem os fantasmas malditos que vêm de longe
Bater em mim e me lembrar das malditas coisas
Tudo outra vez
E aí me pergunto onde vou dar nisso tudo
Nem lembro de onde pus minha chave...


2 comentários:

  1. Tô parecendo puxa-saco, mas quando elogio é de verdade. Seus textos estão melhorando cada vez mais! :)

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