portugal fugiu pra guanabara
mas será sempre portugal
eu ando os mesmos passos que roberto
gravata, morte e dona paixão
mas não sou nenhum
“dylan despedaça meu
“dylan despedaça meu
coraçãozinho”, eu segredo
ao homem do violão elétrico
que ao contar metal dará com
coraçãozinho despedaçado
em tinta azul
eu sento os mesmos troncos que casal
gravata e wagner ubatuba
e ouço wagner ubatuba dizer
desdentado os mesmos fantasmas:
distância
ganância
sp
mal assopra as velas
e te lembram o podre
(ou aquariana solta
orgulho astral do teu
s k y l i n e)
a rua é habitada por
olhos que têm medo de olhos
eu levo as mãos à cabeça qual sylvia,
monica e miss lonely
por saber que a guanabara
guarda o mesmo d. joão de portugal
antigamente as palavras
saíam desmedidas e eu fazia retratos
sem saber que atestava
a ilha da existência
titubeio e vou às mesmas projeções que casal,
larissa e professora universitária
eu que gosto da tortura
da memória
caso alguém me veja, diga que estou viva
estou viva e uso poá
que estou sem você hoje
também ontem, também
amanhã
já estou sem estômago
pros pigarros alheios, já aprendi
a chorar no banho
já sei das mãos atadas
e não posso anunciá-lo:
certos anúncios vêm do silêncio
você fugiu pra guanabara
e será sempre silêncio
de nada serve boa tarde,
boa sorte, se afogue no inferno
paulo mendes morreu mas bordou
este desencaixe
e quem somos nós depois de
paulo mendes?
eu luto sem diagnóstico
você é imóvel, catalogado
afogado no inferno
da guanabara
Uau, isso é bom demais, isso é realmente uma obra divina e só posso agradecê-la por me proporcionar essa alagada poesia
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