Ouço o mesmo cd pela quarta vez no dia, há semanas que não sai do leitor do rádio. Se eu for parar pra incorporar as letras e traduzi-las, parecerão todas vazias porque só tenho uma imagem pra colocar nas menções em segunda ou terceira pessoa: você. Perde qualquer sentido. Mesmo as mais ácidas, neste momento nem essas quero te dedicar.
Amo a chuva que cai tranquila à meia noite, através da janela enquanto fico em pé na sala ouvindo as unhas da cachorra passearem pelo assoalho. Amo o som do violão, do caminhão de lixo que passa na hora em que pego no sono, amo o carbono que sai do meu lápis e fica no papel por mais ou menos tempo, amo o tato quando junta com olfato.
Sinceramente a dor que por ora me resta é pouca, Drummond, nem desejarei o seu consolo na praia. Eu quebro a cara toda semana porque me entrego a tudo ou levo outras coisas a sério, fico lamentando a noite passada, o que torna tudo isso um desespero incrível: atirei um limão n'água, essa lua esse conhaque, devo seguir até o enjoo?, é noite no submarino, é a vida um suspiro sem paixão; nada, verso nenhum, meu deus do céu.
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