quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

noite calor


escrito pra essa Ana Cristina Cesar rosa, azul celeste no meu criado-mudo.

A cama é uma Rússia toda
e lá em cima suspiro ao 
ventilador
mas ele não se faz notar
É só o frio que
beija as minhas
pernas.
Ele é impaciente.
Água dos olhos quis
sair correndo pela porta aberta
te contar que não consigo dormir
e que traio
a mim mesma.
Água dos olhos flamba o rubor
do rosto de sol abusivo
diz que, minha, se resolve
e entre registros
indecisos
e miseráveis
cai tinta preta no papel.
No quarto ao lado você amarrota 
as bochechas
ele assiste cinema americano
no primeiro andar de não sei onde
e eu cuspo esmalte
pro abajur

2 comentários:


  1. [o contorno da palavra

    o ínfimo
    infinito objecto do desejo.]

    abraço,

    bL

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  2. Não sei nem dizer o que senti agora, ao ler este poema, pois estou lendo Poetica da Ana, e ler este poema e sentir o que sentindo quando leio ela e esse poema me fez emudecer de ternura (acho)

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