gosto de macarrão outra vez.
a quinta-feira que me tira os ares
traz, no calor forte do almoço, o silêncio
dos teus olhos, nosso vazio surdo
um abraço distante e sem sentido
qualquer emudecimento resignado
quantos no mundo foram assim?
não existe pouso para a culpa
que paire no ar, sem dono; não há
entorto-me ao pensar no meu ponto final
a que volto, cega e sem querer, sem saber
se há remédio no meu sangue ou não,
tanto faz, tanto fez... começo no mundo
e acabo no meu mar, num mergulho
teu rosto não faz cor e nenhum faria
é provável que diamante não brilhasse
nos meus dias que passam e desgastam
qualquer beleza que um dia foi
fujo dos teus passos, não pelos pés,
e sim pelos meus, que não se trilham reto.
a distância nos consome na tarde azul
enrolo-me em palavras e pensamentos vãos
desconexos de tudo, de raízes nulas
teus dedos me pedem para falar
o sono me pesa
o caderno acabou.
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